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Peste Suína Africana na China Peste Suína Africana na China
por Laura Marcela Diaz Huepa Doutora em Zootecnia pela Universidade Estadual de Maringá Na década de 70, a suinocultura brasileira sofreu com o aparecimento... Peste Suína Africana na China

por Laura Marcela Diaz Huepa
Doutora em Zootecnia pela Universidade Estadual de Maringá

Na década de 70, a suinocultura brasileira sofreu com o aparecimento da Peste Suína Africana. No entanto, até hoje essa história ficou para os anais sem maiores e melhores explicações pelo Estado. Ainda, focos desta doença foram detectados em alguns países africanos e asiáticos; no entanto, de forma pontual.

Neste momento, surge com grande repercussão a necessidade de abate milhões de suínos na China em razão do reaparecimento da Peste Suína Africana. Esta constatação terá grande influência no setor da suinocultura no mundo. A China é conhecida por todos como o maior produtor, maior importador e maior consumidor de carne suína no mundo. Desta forma, o ressurgimento desta doença no território asiático trará à discussão suas consequências. Como determinado pelo governo chinês, parte do rebanho de suíno deverá ser abatida nos próximos meses.

Assim, surge uma pergunta: quais serão as consequências? Com a redução do rebanho suíno africano, de onde viria à carne suína para abastecer o mercado interno da China?

Possivelmente, os dois países que poderiam abastecer o mercado chinês seriam o brasileiro e o americano. Para isso, seria necessário um aumento do plantel de suínos nestes países. Em razão da expectativa do aumento da exportação destes países, a carne no mercado interno poderia subir de preço. Quando isso ocorre, a população tende a migar para o consumo de outro tipo de carne. No caso do Brasil, esta migração teria um viés para o aumento da carne de frango (mais barata). No caso americano, parte do consumo da carne suína poderia ser substituída pela carne bovina. Todavia, sem certeza. Assim, pensando como suinocultor seria bom. No entanto, não é bem assim.

Nos dias atuais, a população está mais atenta aos riscos de contaminações da carne dos animais vis-à-vis à saúde humana. Então, ao contrário do esperado, o consumo de carne suína poderia, até, diminuir. Por outro lado, teria outras commodities que poderiam ser atingidas: milho e soja. Afinal, vamos reduzir o plantel de suína na China, maior comprador de farelo de soja do Brasil, então, vamos reduzir a importação de soja.

Assim, o mercado interno teria que absorver o excedente do farelo de soja. Pela lei da oferta e da procura, o preço da soja cairia. Então, o custo de produção do suíno, por consequência, cairia também. Na sequência, o Brasil seria competitivo para vender carne suína aos chineses.

A economia do agronegócio é interessante porque é repleta de meandros da diplomacia. Todavia, todas essas suposições são incertas porque existem outras variáveis que poderiam retirar o raciocínio lógico. Por exemplo, a disputa comercial entre Estados Unidos e China, neste momento, com a taxação das importações por os lados, poderá ter uma grande interferência do mero mercado da carne suína. Na realidade, o bom mesmo para todos seria que não houvesse um surto desta doença na China para o mercado do agronegócio acomodar-se pela competitiva do mercado sadio sem necessitar de recorrer às alternâncias que não trazem benefício ao setor de produção de proteína animal, necessária para a alimentação global.

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